Cidade de SP decreta estado de emergência para a dengue
Decreto foi assinado por Ricardo Nunes na manhã desta segunda (18). Incidência de casos confirmados chegou neste domingo (18) a 414 por grupo de 100 mil habitantes.
Sebastião Leme guarda escorpiões em potes em Santa Bárbara d'Oeste — Foto: Fernando Jacomini/G1
Já imaginou mais de 700 escorpiões juntos? Imagina só, então, essa quantidade de bichos guardada no quintal de casa. Em Santa Bárbara d'Oeste (SP), um pintor aposentado faz isso. Ele ouvia dos pais que o veneno do aracnídeo podia servir como anestesia para diminuir a dor das picadas causadas pelo animal e por outros bichos. Uma especialista, no entanto, afirma que o suposto medicamento caseiro não funciona.
Com a crença, o “caçador” de escorpiões se tornou um colecionador dos invertebrados, que ficam armazenados dentro de recipientes com álcool. Apesar de manter os animais, ele nunca precisou usar o veneno como remédio, já que jamais foi picado.
Sebastião Francisco Leme, de 68 anos, mora com a mulher e com a filha na Vila Linópolis e criou o hábito de capturar os animais há cerca de 10 anos. Segundo o pintor, tudo começou quando escorpiões apareceram em uma área de mato perto da casa dele, na região da Delegacia de Santa Bárbara d'Oeste, que fica na Rua Dona Margarida. Desde então, não parou mais. Até mesmo se orgulha do que faz.
“Ninguém nunca tomou providências, e eram muitos escorpiões. Como há escola perto, fiquei preocupado com as crianças, então algo tinha que ser feito”, conta o aposentado.
É com uma vara de bambu de aproximadamente 30 centímetros que Leme captura os animais – que ficam embaixo de placas de concreto de uma calçada –, e imediatamente os guarda em um pote com um pouco de álcool. Quando chega em casa, joga dentro dos potes armazenados na dispensa da residência dele.
A caça começa cedo, já que, de acordo Leme, os escorpiões ficam mais "calmos" com a temperatura amena.
“Em um dia já cheguei a pegar 50. É tanto bicho que o local parece um formigueiro de escorpiões”, afirma.
O colecionador de escorpiões diz que nunca foi picado pelo animal peçonhento e que, mesmo com uma doença cardíaca que o obrigou a diminuir a frequencia de sair de casa, pretende continuar a caça até o fim de sua vida.
"A família já falou para eu parar com isso e jogar [os escorpiões] fora. Mas foram se acostumando e não reclamam mais", conta o pintor. Ele reclama que, nas últimas semanas, os bichos começaram a aparecer na casa dele também.
Na infância, o aposentado morava em uma fazenda e sempre escutava do pai e de outras pessoas que o veneno do escorpião morto, aliado ao álcool, servia como um anestésico para diminuir a dor das picadas. Como os hospitais eram longe do campo, era comum, então, passar o líquido nos ferimentos causados pelos bichos peçonhentos.
Acreditando até hoje que a mistura funciona para anestesiar as picadas, Leme resolveu unir "o útil ao agradável" de caçar os escorpiões e de preparar em casa a "mistura milagrosa".
Mas, apesar da crença, o próprio aposentado reforça que não tem conhecimento sobre qualquer comprovação científica do efeito efetivo da mistura caseira.
"É apenas algo que foi passado pela minha família e que eu acredito. Não recomendo que isso seja feito em casa, porque é perigoso mexer com escorpiões", ressalta.
Segundo Regina Lex Engel, bióloga do Centro de Zoonoses de Piracicaba (SP), o efeito anestésico da mistura do veneno dos escorpiões com o álcool não passa de crença popular. "Isso não traz efeito terapêutico algum. Pode, inclusive, trazer riscos à saúde, como contaminação", afirma.
A especialista explicou que o soro antiescorpiônico não é feito diretamente do veneno no animal, e sim por anticorpos produzidos pelo cavalo após a picada.
Regina disse ainda que a recomendação em caso de ferimento causado pelo escorpião é lavar o local com água e sabão e procurar imediatamente atendimento hospitalar.
Em relação à area com escorpiões citada pela reportagem, como na região da Delegacia e na casa de Leme, a Prefeitura de Santa Bárbara d'Oeste afirmou que faz, em toda cidade, visitas domiciliares para controle dos bichos, além de orientações para evitar o aparecimento do invertebrado e ações que devem ser tomadas em caso de picadas.
"Posteriormente, uma nova visita é realizada após 15 dias para verificar se as providências foram tomadas pelo morador. A Prefeitura intensificou o serviço de desinsetização de galerias, com objetivo de reduzir a ocorrência de escorpiões na rede de esgoto".
A administração municipal orientou ainda que as pessoas mantenham a casa e o quintal limpos e não acumulem entulhos ou lixo, além de manter ralos tampados e caixas de gordura vedadas, evitando assim a entrada de escorpiões.
Disse também que é importante o uso de luvas e calçados adequados para manuseio dos materiais, já que a maioria das picadas ocorre nos pés e nas mãos.
Decreto foi assinado por Ricardo Nunes na manhã desta segunda (18). Incidência de casos confirmados chegou neste domingo (18) a 414 por grupo de 100 mil habitantes.
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